Non sono io a dirlo, ma un ingegnere portoghese che da quasi un anno vive a Rio de Janeiro. Sarà che tutto il mondo è paese?
"Tudo no Brasil é muito difícil", diz engenheiro português há 11 meses no Rio
Há 11 meses morando no Brasil, o português Luís Gomes, 30, ficou impressionado com a burocracia em atividades quase corriqueiras no país. "Abrir uma conta bancária, alugar uma casa, tudo no Brasil é muito difícil! Não entendo o sentido de certas exigências e há impostos para tudo", diz o estrangeiro.
Encontrar um trabalho foi a parte fácil. Engenheiro civil, especialista em obras estruturais como para contenção de encostas, Gomes encontrou emprego em dois meses no Brasil. Tem visto de trabalho, carteira assinada, tudo certo. Mas não pode assinar pelos seus trabalhos. Seu diploma não é reconhecido no Brasil.
Apesar de seis anos e meio de formado em uma das melhores escolas de engenharia da Europa, o Instituto Superior Técnico, e chefiando obras nos Estados do Rio, São Paulo e Minas Gerais, Gomes tem que pedir a chefes e parceiros brasileiros para assinar os trabalhos.
A "burobarreira", expressão criada pelo ministro de negócios estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, afeta portugueses que deixaram o país em busca de emprego, devido à crise, e que encontraram no Brasil farto mercado de trabalho. A falta de engenheiros virou mantra de 10 em cada 10 empregadores do país.
Quando perguntam se ele está "roubando" empregos de brasileiros, Gomes responde: "Na minha área, pelo menos, não existe mão de obra para esta fase de expansão das construtoras", diz. "Eu mesmo estou a buscar engenheiros para minha equipe e ainda não encontrei um candidato com formação ideal ao preço que estamos dispostos a pagar."
Gomes não foi o único estrangeiro a descobrir o Brasil. Ele conta que, de 40 currículos que recebeu de um site de empregos, 25% eram de portugueses e 10% de sul-americanos. "Não faz sentido a barreira neste momento, é um obstáculo ao desenvolvimento das empresas."
O engenheiro conta que espera que o acordo entre Portugal e Brasil para o reconhecimento dos diplomas de engenheiros portugueses no país possa começar a valer até o fim do ano. Hoje, diz Gomes, o processo de reconhecimento é demorado e não há certeza de que dará certo.
"Conheço engenheiros experientes que tiveram que fazer disciplinas no Brasil e outros que não conseguiram resposta ao pedido de reconhecimento. Não é algo objetivo e em muitos casos não é concedida a validação [do diploma]", diz Gomes.
fonte: Folha de Sao Paulo